09-10-2024
A Junta de Freguesia de Santiago Maior e São João Baptista, ainda no âmbito das comemorações dos cinquenta anos do 25 de Abril, lança online o conteúdo “Memórias de Guerra”, que homenageia e valoriza o papel dos ex-combatentes da nossa freguesia.
Este trabalho, produzido em parceria com o Núcleo de Beja da Liga dos Combatentes, foi gravado nas suas instalações e mostra, em 22 entrevistas, as histórias de cada um destes ex-combatentes bejenses, que foram arrancados da sua cidade e das suas aldeias, obrigados a partir para os antigos territórios ultramarinos, sem saber em nome de quê ou quem, nem o que os esperava ou se algum dia voltariam a ver as suas famílias. Pais ou maridos, filhos de alguém, que deixaram para trás, na flor da idade, os sonhos e a esperança no futuro. Mobilizados sem possibilidade de escolha, sozinhos, assustados, vítimas de uma violência atroz, típica do Estado Novo e de todas as ditaduras.
Medos, dúvidas, camaradagem e muitas interrogações, são situações que são comuns a todos os entrevistados e que expressam bem o quão injusta, sem sentido e cortante foi a guerra colonial para todos os jovens rapazes nos anos 60 e 70. Uma guerra que destruiu vidas, destroçou famílias e, ainda hoje, atormenta muitos daqueles que a viveram e carregam marcas impossíveis de apagar, quer físicas quer psicológicas.
“Memórias de Guerra”, estará disponível nas redes sociais da Junta de Freguesia e do Núcleo de Beja da Liga dos Combatentes a partir do dia 10 de outubro e terá a primeira memória de um ex-combatente, uma semana depois. Esta iniciativa prolonga-se, com uma publicação semanal, até março de 2025.
Desta forma a Junta de Freguesia de Santiago Maior e São João Baptista acrescenta mais um elemento de valorização às comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, que nos devolveu a todos a tão desejada liberdade.
O fim da guerra colonial era, senão o primeiro, um dos mais importantes objetivos que mobilizou vontades para acabar com a ditadura e nas quais se destacaram os Capitães de Abril e o Movimento das Forças Armadas, no qual muitos ex-combatentes desempenharam, de uma forma ou de outra, um papel ativo para o êxito da Revolução.
Perpetuar as suas memórias e homenagear a sua intervenção é o objetivo deste nosso trabalho e também o dever de qualquer cidadão que não queira branquear o fascismo e as suas consequências na vida de tantos portugueses.
A produção esteve a cargo do Núcleo de Beja da Liga dos Combatentes e da Junta de Freguesia de Santiago Maior e São João Baptista e a realização e edição é de Nelson Patriarca
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